04/06/2014

O Juramento - Capítulo Onze

" - Oi Serena. - Disse Tracy. "



- Oi Tracy. - Disse, sem nenhum vestígio de doçura na voz, ou sorriso no rosto.
- Estava dizendo ao Harry que é estranho vocês morarem na mesma casa.
- Harry é filho do amigo do meu tio. Ele veio para estudar - dei um ênfase no estudar, como sinal - , iria ficar em outro lugar, mas meu tio insistiu  para que  ele ficasse aqui.
- Então, vocês não estão namorando ?
Olhei para Harry, para verificar sua expressão. Ele apenas estava de cabeça baixa. Segui seu olhar e vi que Tracy tinha entrelaçado as mãos na dele.
Engoli em seco, e disse:
- Não - Desta vez Harry olhou para mim, mas desviei o olhar.
Mesmo que eu estivesse namorando Harry, isso não seria um empecilho para Tracy. Ela sempre dava um jeito de conseguir o que queria.
Ela tinha perdido a doçura falsa na voz, e seu sorriso desapareceu, quando disse:
- Ótimo. - Em um tom frio e cortante.
Ela começou a subir a escada de mãos dadas com Harry.
- Ah ! Serena, espero que não se incomode com o barulho que vamos fazer.
Fiquei boquiaberta, mas não demonstrei, pelo contrário, revidei.
- Não vou. Tenho compromisso. Vou sair com Matthew. - Uma bela mentira.
- Ai ! - Tracy tinha gritado - Você apertou minha mão.
Parece que Harry tinha apertado com força a mão de Tracy. Ótimo.
Eles subiram para o quarto, e juro ter visto uma calcinha vermelha, quando sua micro saia balançou.

Procurei Chelsea, para ver se ela saia comigo para não ter que aguentar Matthew. Mas não a encontrei. Ela tem saído muito ultimamente e sem ninguém ver.
Subi para o quarto. Deitei na cama e enfiei um travesseiro no rosto, para não ouvir a risada da Tracy e de Harry. Aquela risada chata e alta. Eu queria ir lá e sufocá-la, até ela não conseguir mais rir. Nunca mais.
Dane-se ! Vou ligar para o Matthew.

- Alô. - Pelo barulho que vinha do telefone dele, parecia que estava em uma festa.
- Sou eu, Serena.
- Oi princesa !
- Pode vir me buscar ? Preciso sair de casa, mesmo !
- Não é tão ruim assim ficar comigo ? - Já estava brava e ele jogar isso na minha cara não ajudava.
- Te pego em meia hora, princesa. - continuou.

Tomei um banho, e escolhi uma roupa. Fui até o espelho, para ver o resultado final. Só falta as sandálias. Abaixei e coloquei os sapatos, levantei e Harry estava atrás de mim, me olhando pelo espelho, com os mesmos olhos brilhantes que vi na floresta quando estávamos juntos.
- Está linda - Disse, com a voz rouca e baixa.
- Obrigada. - Caminhei até a porta, mas ele segurou minha mão.
- Você quer mesmo fazer isso ?
Estremeci. Ele estava me deixando louca.
- Gato, peguei nossas bebidas. - Tracy tinha aparecido na porta, e estragado tudo.
Eu quero fazer isso, pensei. Chega. Vou deixar me levar pelas emoções por um tempo. Harry teve que esperar Tracy ir até a cozinha, para vir falar comigo, não porque a dispensou.
Peguei meu celular e saí de casa. Lá fora, Matthew estava me esperando no seu Jeep Comander. Chegou a hora.
- Está linda, como sempre. - Ele disse, assim que entrei no carro.
- Aonde vamos ?
- Sei de uma festa ótima.

- Obrigada por vir. - Disse. - Não aguentava mais ficar lá.
- Entendo. Estou ouvindo as risadas deles.
- Vamos embora.
Matthew acelerou e fomos embora.
Tinha de ser justo a Tracy ? Harry sabe que eu não gosto dela. Desde que cheguei na escola ela faz de tudo para me humilhar e me por para baixo. Com olhares frios e indiretas. Já tinha me envergonhado várias vezes, mas nunca dei atenção para o que ela fazia ou falava de mim. Ela nunca conseguiu me atingir, por isso sempre tentava mais e mais. E como o Harry apareceu ao meu lado, ela não perderia a chance de trazê-lo para ela.


A festa era afastada da cidade. Em um campo, que antigamente era um casarão. Ainda tinha algumas paredes de pedra em pé, mas sem teto ou piso. Lembravam ruínas. A festa sendo banhada somente pelo luar e algumas luzes de led. A névoa deixava o cenário mais sinistro e mórbido.

A metros de distância já se ouvia a música eletrônica. Nos aproximamos com o carro e vimos os corpos balançando.
Matthew estacionou e fomos em direção a festa. Entramos e meus ouvidos doíam com o volume da música. Matthew colocou a mão nas minhas costas e me conduziu até o meio da pista. 
Parou na minha frente e colocou a mão na minha cintura, me puxando para mais perto. Entrelacei os dedos atrás de seu pescoço. Ele colocou as mãos uma de cada da minha cintura. E começamos a balançar no ritmo da música. Ele apertava as mãos na minha cintura. Percebi que me encarava. Ele abaixou a cabeça, nos aproximando mais. Seu nariz quase encostando no meu.
Ele ficava ainda mais lindo a luz da lua. O cabelo parecia mais negro. Os olhos mais sedutores. A pele mais macia.
- Você sabe o quanto é linda ? - Perguntou, fazendo-me estremecer.
Fiquei na ponta dos pés, nos aproximando. Ele brincou com nossos narizes. Colocou a mão em meu pescoço, mas seus olhos se desviaram para algo atrás de mim.
- Merda ! - Ele parecia tenso, nervoso.
- O que foi ?
- Vampiros.
Olhei para trás de repente. Vários homens e algumas mulheres entraram na festa juntos. Pálidos. Entraram e revistaram o lugar com os olhos. Medindo cada um da cabeça aos pés. Se misturaram a festa. Um para cada lado. Perdi a conta em vinte.
Olhei espantada para Matthew, que parecia ter congelado no lugar.
- E agora ? - Ele me apertou mais contra seu corpo, de forma protetora.
- Era uma festa só de humanos. Isso vai virar um banho de sangue. Vou fazer uma coisa. Fique aqui no meio de todos, onde eu possa te ver. Não vá a lugares isolados enquanto eu não estiver.
Ele saiu e o perdi de vista. 
 Fiquei ali no meio da pista, tensa. Varri o lugar com os olhos, e vi um vampiro morder uma garota e, logo em seguida, quebrar seu pescoço, virando sua cabeça. Do outro lado, um vampiro terminou de morder a menina, ele colocou uma mão sobre seu ombro e outro na cintura, girou seu tronco,quebrando sua coluna, como se fosse feito de papel, ela caiu de lado e ele foi embora. No meio da bagunça toda, ninguém percebeu eles, ou os corpos.
 Estava cansada, aqueles saltos eram desconfortáveis. Vi que no bar, tinham algumas pessoas. Fui até lá e sentei no primeiro banco que vi. Pedi uma bebida. Me virei para ver as pessoas. Uma coisa chamou mais a minha atenção. Alguns metros da festa, tinha uma cabana velha, com as janelas de vidro quebradas, alguns buracos no telhado e a madeira apodrecendo. Uma menina saiu do meio da multidão e foi em direção a ela. Era uma menina familiar, parecia ter a minha idade. Era mais magra e tinha cabelos mais curtos que o meu. Ela virou um pouco o rosto, verificando se alguém a seguia, e reconheci Tracy. Mas não tenho certeza. Ela entrou na cabana. Eu sai do bar e a segui. Desobedecendo a ordem de Matthew, de ficar em lugares com bastante pessoas. Estava no meio do caminho e ouvi o barulho de galhos e folhas sendo esmagadas por passos. Não avistei ninguém. Com medo, corri até a cabana querendo acabar com minha suspeita. O que Tracy estaria fazendo nessa festa ? Percebera o ataque e estava tentando se esconder ? Se ela já estava lá, não percebi.
 Empurrei a porta da cabana, fazendo um barulho que arrepiava todos os meus pelos. Entrei e de começo não vi ninguém. Não tinha nenhum móvel. Somente sujeira, poeira,teias de aranha e folhas secas. Somente um cômodo vazio. Se Tracy entrou aqui, conseguiu sair bem rápido. Dei uma última olhada no cômodo e fui para sair. Me virei e esbarrei em alguém. Primeiramente, pensei que fosse Matthew, mas quando meus olhos se ajustaram a escuridão do lugar, percebi que era outro homem. Não consegui ver seu rosto, pois ele estava na escuridão. Dei uns passos para trás e ele foi em minha direção. 
Vestia calças pretas, uma camisa branca saindo da calça e uma jaqueta de couro preta. Seus olhos me estudaram por inteira. Me senti nua. Dei mais uns passos para trás e esbarrei na parede, agora, sem saída. Ele se aproximou mais, deixando apenas poucos centímetros de distância para nossos corpos. Ele passou de leve o nariz pelo meu pescoço, sentindo o meu perfume. Ele levantou o rosto, agora, me encarando. Seus olhos cor de mel, os cabelos loiros em um topete de lado, meio bagunçado. 
- Minha doce Serena. - Disse, em um tom assustador.
- Como me conhece ? - Perguntei, reunindo toda minha coragem.
- Que vampiro não te conhece ? - Ele colocou as mãos nos meus ombros e as deslizou pelos meus braços, tirando meu blazer. - Que vampiro não te quer ?
- O que você quer de mim ?
Ele sorriu, mostrando as presas.
- Eu te protegerei dos outros. Você é minha, amor.
- Eu não sou sua.
- A líder dos vampiros, o que farei com você ? - Disse, em um falsete assustador.
- Quem é você ?
- Sou Daniel, princesa. Seu senhor. 
Ele passou a língua no lábio superior. 
- Já disse que não sou sua.
- Vou gostar disso.
Daniel se aproximou, colocou uma mão atrás do meu pescoço e a outra levantou meu queixo, fazendo-me encarar seus olhos devoradores.
- Você é minha, princesa.
Eu não pude lutar. De alguma forma, só sabia que era dele, e não poderia lutar contra isso.
- Eu sou sua. - Disse, automaticamente.
Eu queria lutar, gritar, empurrá-lo para longe, sair correndo, mas não conseguia. Não tinha controle sobre nada.
Ele deu um sorriso vitorioso.
Daniel deslizou as mãos e parou na minha cintura. Me puxou para perto. Fiquei na ponta dos pés, nos aproximando. Agarrei o colarinho da jaqueta dele e o puxei. Ele abaixou a cabeça. Sentia sua respiração na minha bochecha. Roçou de leve os lábios nos meus, e mordeu minha parte inferior.
Eu não sei por que estava fazendo isso, só sei que devia fazer.
Distribuiu beijos pelo meu maxilar e deu chupões no meu pescoço. Até sentir suas presas. 
Ele parou de repente. Sua expressão mudou totalmente. Seus braços me soltaram e penderam para o lado. Ele caiu. 
Matthew estava atrás dele, com um coração na mão.
Matthew arrancou o coração dele pelas costas.
Eu voltei abruptamente para a realidade. Agora, com o controle do meu corpo e da minha fala.
Matthew jogou o coração para o lado. Me revistou com os olhos.
Pulei o corpo e abracei-o, em forma de agradecimento. No começo ele pareceu surpreso com meu gesto, mas logo retribui me apertando contra ele.
- Obrigada. - Sussurrei em seu ouvido.
- Ele te fez alguma coisa ? - Perguntou, com um tom de preocupação.
- Você chegou a tempo. De alguma forma eu fiz tudo o que ele queria.
- Ele te compeliu. 
Apertei mais meus braços em seu pescoço, com medo de que algo acontecesse se ele me soltasse.
- Quem era ele ?
- Daniel. Comanda vários vampiros rebeldes.
- Ele disse que eu sou dele.
- Você é a líder de todos os vampiros. É como um troféu. Qualquer vampiro gostaria de ter você. Se tornar um líder também e ter uma bolsa de sangue própria. 
Me soltei dele. Ele pegou meu blaser e o colocou sobre meus ombros. Pegou minha mão e saímos da cabana.
- Como me encontrou ?
- Quando os vampiros invadiram a festa, reconheci Daniel. Imaginei que ele fosse atrás de você. Tentei pegá-lo antes, mas seus vampiros vieram atrás de mim. 
- Pensei que vampiros tinham os sentidos muito mais apurados, como ele não te notou ?
- Devia estar muito envolvido com você. Eu ficaria.

Matthew me deixou em casa, depois de ficar uns cinco minutos verificando se nenhum vampiro tinha vindo se vingar de Daniel.

 Logo que ele saiu, entrei em casa. Estava tudo apagado. Parece que Tracy já se foi. Subi as escadas e fui até o quarto de Harry, avisar que cheguei e se poderia pedir comida para dois. Sei que ele é vampiro, mas já o vi comendo antes.
 A porta estava aberta, mas as luzes apagadas. Entrei e percebi que a porta do banheiro estava encostada e a luz acesa. Deve estar tomando banho. Fui sair do quarto, até que ouvi a porta do banheiro sendo aberta.



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